Inflação muda comportamento do consumidor online
Mais cuidadoso e investigativo, o consumidor que compra pela Internet está a dar mais importância ao preço
Este ano está a ser mais desafiador para o comércio eletrónico em todo o mundo. O retorno das compras nas lojas físicas no pós-pandemia e a alta dos preços ocasionada por fatores diversos, levaram o consumidor online a ficar mais cuidadoso: Ele investiga mais o valor dos produtos antes de efetuar a compra. Isto tornou também o mercado mais competitivo.
Entretanto, isto não significa que o comércio eletrónico perdeu a sua força. Pelo contrário: segundo o estudo divulgado pela Salesforce, empresa tecnológica multinacional de customer relationship management (CRM), o tráfego registado em sites de compras online aumentou pelo quinto trimestre consecutivo.
O “e-shopper” está em busca de melhor preço e promoções
De acordo com o relatório “Shopping Index”, o consumidor online passou a escolher as marcas com base no preço do produto e nas promoções, em vez de na disponibilidade do mesmo ou da conveniência de atendimento. Este estudo analisou os comportamentos de compra a nível mundial, com dados de mais de 1,5 mil milhões de consumidores de mais de 67 países,
Apesar do crescimento do tráfego, o relatório mostrou ainda que o número de unidades vendidas por cada transação diminuiu 6% em todo o mundo, à medida que as condições económicas registaram arrefecimento. Além disso, o consumidor também passou a investigar mais antes de realizar as compras (+6%).
Retalhistas têm de apostar na personalização para agradar ao consumidor
Diante deste cenário, algumas medidas são fundamentais para enfrentar a concorrência. O desenvolvimento de estratégias de Marketing que utilizam a segmentação de público, a personalização no atendimento e as mensagens inteligentes, por exemplo, são as melhores estratégias para manter-se competitivo no mercado.
Segundo outros dados do mesmo relatório, 81% dos consumidores planeiam avaliar os seus orçamentos ao longo dos próximos 12 meses. Ele declaram, por exemplo, que preferem dar prioridade às experiências onde se sintam “especiais”. Por isto, os operadores de retalho precisam de focar no aumento da personalização e eficiência como estratégia de negócio.
Na contramão dos resultados, a Espanha contraria a tendência global e regista um crescimento de 19% nas vendas online, ficando atrás apenas da região do Médio Oriente e da África. No entanto, o país também mostrou uma quebra no preço médio de compra, que passou de US$ 1,14 (1,04 €) para US$ 1,07 (0,98 €).
“Personalidade” do consumidor se mantém
Os hábitos nas compras, no entanto, não se alteraram. De acordo com um levantamento dos CTT, em Portugal, o consumidor online continua a ser, em sua maioria, as mulheres (52% do total de compras). Aliás, o retalho de moda está “dependente” do comércio eletrónico em todo o mundo. O vestuário e os acessórios são responsáveis por 18,7% de todas as vendas digitais nos Estados Unidos.
Os “e-shoppers” portugueses – situados numa idade média de 41,5 anos (valor abaixo da média europeia de 42,4 anos) – apostam mais no segmento de moda (61% das compras), beleza e saúde (50%) e calçado (43%). Em comparação, a média europeia nas categorias moda e beleza está situada nos 59% e 48%, respetivamente.
Apesar da quebra, o comércio online está otimista
De uma forma geral, todas as distribuidoras – que tiveram que fazer grandes investimentos em digitalização, novos veículos e mais infraestrutura durante a pandemia para atender ao estouro na demanda – defendem que os últimos resultados de queda nas vendas está já a ser revertido.
A DHL Express, por exemplo, admite manter os planos de modernização e expansão de instalações, entre outros investimentos em Portugal. Já os CTT notam que os carteiros continuam a ter “um papel importantíssimo”, embora no ano passado tenham registado durante o verão uma “enorme dificuldade de contratação”, algo transversal a vários setores de atividade.
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